O lodo de esgoto da ETE Contorno, após permanência de três meses no leito de
secagem apresentou elevada concentração de microrganismos patogênicos que podem
inviabilizar a sua utilização em sistemas de produção orgânica. Com o objetivo de
avaliar a eficiência do processo de compostagem na redução desses patógenos, este
estudo foi desenvolvido. O método escolhido para o processo de compostagem foi o de
sistema de leiras revolvidas, as pilhas foram montadas em formato piramidal (1,20 x 2,0
m), com revolvimento manual, nas proporções 3:1, 5:1 e 7:1 de resíduo estruturante
(poda de árvore e casca de laranja) e lodo de esgoto. Foram realizadas análises fisicoquímicas
e microbiológicas do composto nos tempos 0, 7, 14, 21, 28, 43, 58, 73 e 88
dias. Para a análise bacteriológica foi utilizada a contagem diferencial no Agar
Cromogênico para a Salmonella e E. coli e no Agar Azida Esculina para Enterococos
pelo método de plaqueamento em superfície, com três diluições, em duplicata. Os
resultados mostraram que a fase termofílica teve duração curta nos três tratamentos, o
valor do pH se encontrou na faixa do neutro, as relações C/N nos produtos finais
apresentaram valores acima do recomendado para composto maturado. Nos três
tratamentos a Salmonella foi o microrganismo que sofreu uma maior redução ao final
do processo, seguido por E. coli. O grupo dos Enterococos não sofreu redução de sua
concentração durante a compostagem. Nenhum dos tratamentos estudados se encontra
dentro dos valores de referência especificados na Instrução Normativa n° 64/2008,
portanto é preocupante a utilização deste composto orgânico em sistemas de produção
orgânica, podendo causar infecções ao homem e aos animais através do contato direto e
indireto com o solo contaminado. Desta forma o composto produzido pelos três
tratamentos pode ser utilizado em grandes culturas e reflorestamento, desde quando haja
cuidados adequados no manejo.